sábado, 12 de agosto de 2017

Trancafiei minhas ideologias no fundo de minhas memórias, entregando-me ao fanatismo mundano e pagão. Ouvi os absurdos embutidos e inversos ao bem comum, onde, atrás dos bastidores de cortinas de sedas brilhantes, a força negativa imperava soberana. Falaram-me de demônios, controladores de almas não tementes, ensinaram-me... Induziram-me... E me obrigaram a seguir cegamente os passos indicados por pobres e horrendos pregadores, gananciando a herdança terrena. E todos à sua frente, inclusive eu, caímos por terra, de joelhos. Acreditamos ser real quando suas mãos estendidas nos guiavam pelo túnel, iluminado em seu final. Esbravejaram! De dedo erguido e em voz alta expulsaram todo o mal. Eu vi e ouvi, e acreditei. Deixei corroer minha alma, enferrujar meu sangue com palavras de falsos significados e apodrecer minha pele em chagas profundas, quase incuráveis. Porém o espelho da vida não tarda. Refletiu as costas dos abastardos oradores. Suas verdadeiras imagens ecoaram reluzentes sob o templo das perdições, nos porões imundos de tesouros profanos e cruéis... Um dia, toda a verdade virá à tona; basta a nós paciência e sapiência.

Albérico Agripa.


(11/02/2016)

Nenhum comentário: