Trancafiei minhas ideologias no fundo de minhas memórias,
entregando-me ao fanatismo mundano e pagão. Ouvi os absurdos embutidos e
inversos ao bem comum, onde, atrás dos bastidores de cortinas de sedas
brilhantes, a força negativa imperava soberana. Falaram-me de demônios, controladores
de almas não tementes, ensinaram-me... Induziram-me... E me obrigaram a seguir
cegamente os passos indicados por pobres e horrendos pregadores, gananciando a
herdança terrena. E todos à sua frente, inclusive eu, caímos por terra, de
joelhos. Acreditamos ser real quando suas mãos estendidas nos guiavam pelo
túnel, iluminado em seu final. Esbravejaram! De dedo erguido e em voz alta
expulsaram todo o mal. Eu vi e ouvi, e acreditei. Deixei corroer minha alma,
enferrujar meu sangue com palavras de falsos significados e apodrecer minha
pele em chagas profundas, quase incuráveis. Porém o espelho da vida não tarda.
Refletiu as costas dos abastardos oradores. Suas verdadeiras imagens ecoaram
reluzentes sob o templo das perdições, nos porões imundos de tesouros profanos
e cruéis... Um dia, toda a verdade virá à tona; basta a nós paciência e
sapiência.
Albérico Agripa.
(11/02/2016)
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