terça-feira, 3 de setembro de 2019

ANGÚSTIA..



Sabendo que andei só na vasta estrada
Que leva ao pensamento uma alegria,
Tristeza vai chegando disfarçada
Irrompe furiosa em agonia,
Deixando não restar mais quase nada,
Tornando a minha vida bem mais fria.
Tristeza de saber que fui feliz
E agora vou vivendo por um triz.

Palavras que escutei de amor imenso,
Não foram, nem sequer realidade.
Meu dia se perdendo, frágil, tenso
Matando em nascedouro a liberdade.
O fogo da paixão, queimando intenso,
Morreu mal começou num fim de tarde.
Deixando duras sombras no caminho,
Agora vou medonho, estou sozinho.

Vieste e qual cometa já partiste,
Deixando um rastro feito em tanta dor.
Meu coração restando só e triste,
Não tendo mais um sonho a recompor,
Padece, mas teimoso inda persiste,
E tenta cultivar ainda a flor
De uma esperança tola e malfazeja,
E a lança da tristeza me dardeja.

Quem dera se eu tivesse algum motivo
Pra rir e prosseguir a caminhada,
Apenas, tão somente sobrevivo,
Seguindo sem destino a minha estrada
Quem teve no passado um dia altivo
Não sabe o que fazer se encontra o nada.
Tocado pelo vento da tristeza
A dor se alvoroçando põe a mesa.

Mortalha que me cobre, solidão,
Ferocidade plena em suas garras.
Rasgando sem piedade o coração,
Mantendo com firmeza tais agarras
Na crueldade encontra uma razão,
Para firmar com força estas amarras.
Deixando o gosto amargo do vazio,
Rondando com olhar sempre sombrio.

Talvez quem sabe; um dia eu poderei
Falar de uma esperança, quem me dera!
Agora que em seus braços me entreguei,
Não vejo mais as flores, primavera,
De tudo o que pensara, cobicei
Um dia mais feliz, mas esta fera
Felina em ironia não me deixa,
E sinto no meu rosto uma madeixa

De seus cabelos frios, braços fortes,
Carpindo com sorrisos, sem ter pena,
Mudando meu caminho, pr’outros nortes,
Gargalha enquanto louca já me acena,
Promete novamente fundos cortes,
E soberana invade cada cena,
Tristeza, companheira derradeira,
Com certeza, minha última parceira...

Marcos Loures 

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