sexta-feira, 6 de setembro de 2019

OH! QUE SAUDADE QUE (NÃO) TENHO




Se eu bem me lembro,
havia muitas árvores e um muro
no fundo do quintal da minha infância.

Os bichos, criação da casa,
corriam atrás de mim,
e eu, atrás deles,
numa insitência teimosa.

Tempo de ingênuas brincadeiras,
somente interrompidas
pelos berros de minha mãe,
que, se não atendidos,
resultavam em doloridas chineladas.

O relógio parecia não caminhar.
Entre um reveillon e outro
entremeavam-se séculos.
Crescer era alternativa remota.
Papai ditava regras sempre certas.
Havia pouco mundo para além da minha porta.

Hoje, sem que me desse conta,
o futuro chegou e me cobra atitudes:
infinitas contas a pagar,
responsabilidade exclusiva sobre meu destino;
ansiedades e angústias de todos os matizes.
De súbito, olho o relógio, a informar que passou a minha hora.
E eu que ontem, pensava em ser feliz agora. . .

- por JL semeador, em 17/02/2011 –

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