Como tenho falado, em "Que fim levaram todas as
flores" há uma série de listas. Aqui vai algumas delas, como aperitivo:
"Galeria Tijucas, Galeria Asa, Galeria Minerva, Galeria
Osório, Galeria Lustosa, Galeria Suíssa, Galeria Andrade, Galeria Tobias de Macedo...
Muito antes dos shopping centers, e dos centros comerciais que lhes
antecederam, eram as galerias os locais de compra protegidos das intempéries e
do frio, onde nos acotovelávamos, contemplando as vitrines, futricando,
flanando, flertando, conspirando, matando o tempo. Era, numa provinciana
Curitiba, o nosso sucedâneo das passages parisienses. Quantas passantes
pós-baudelarianas não vimos e não perdemos de vista em seus interiores? Tenho a
impressão, inclusive, de que naquele funesto outubro avistei Conceição, de
tailleur, lenço na cabeça e óculos escuros, numa dessas galerias. Corri atrás
dela. Olhei para um lado, olhei para o outro. Nada. Não havia mais nenhum sinal
dela. Curitiba podia estar bem longe de ser uma Paris, mas já tinha o tamanho
suficiente para as pessoas se perderem – para sempre – umas das outras em suas
galerias."
"Passo do França, Arroio do Pulo, Arroio da Ordem,
Arroio do Andrade, Arroio do Pulgador, Arroio do Passo do Melo, Córrego Vista
Alegre, Rio do Wolf, Córrego Capão Raso, Córrego Vila Isabel, Rio Barigui, Rio
Passaúna, Rio Ponta Grossa, Rio do Moinho, Arroio do Espigão, Arroio do Prensa,
Rio Atuba, Rio Iraí, Rio Iguaçu... Rios de Curitiba, rios, córregos, arroios,
ribeiros, riachos, regatos, cursos d’água, regos, valos, veios, olhos, fontes:
somando tudo não dá um Tejo, um Sena, um Guaíba. No máximo, no máximo, um
Tietê. (No entanto, as formidáveis águas que despencam das Cataratas do Iguaçu
e banham as cidades de Montevidéu e Buenos Aires, na Bacia del Plata, são
nascidas modestamente aqui.)"
"Além de cânhamo, a Cannabis sativa é conhecida pelas
alcunhas de abango, abangue, aliamba, baga, bagulho, bango, bangue, baseado,
baurete, bengue, birra, bongo, bola, brenfa, breu, bucha, bunfa, camarão,
caneta, cangonha, canjica, capim, capim seco, carne seca, caroçuda, chá, charo,
chibata, chico, chinfra, chirona, chocolate, chuim, congo, cristina, daga,
diamba, dirijo, douradinha, erva, erva do dianho, fino, finório, fuminho, fumo,
fumo d’angola, ganja, gongo, grama, iberonha, jerê, jererê, jero, liamba,
lombra, majinba, malva, manga rosa, maria joana, marijuana, marofa, massa,
mato, melro seco, mexicana, mingote, nadiamba, pango, paranga, perna de grilo,
rafael, rafi, rafo, riamba, rojão, santa maria, seruma, soruma, suruma, tabanagira,
tarugo, tijolo, tocha do balão, tora, tripa, tronco, umbaru, verde, xiba,
xibaba ou – como é mais conhecida no Brasil – maconha."
Detalhe: a lista de galerias são só das galerias existentes
em Curitiba em 1968; as gírias da maconha, igualmente, são só daquelas usadas
até esse ano. Não foi mole a pesquisa não. Mas foi muito divertida.
Otto Leopold Winck
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