de José Cândido de Carvalho
Vinte anos poliram o falecimento de Fifi Mendonça. Foi nessa
época que a viúva Mendonça confessou para uma amiga do peito:
— Marido bom era Fifi! Chegava cedo em casa, todo recoberto
de pacotes de manteiga e pão quente. Tinha a mania de seguro de vida. Fui a
esposa mais segurada de São João de Meriti. Só na hora de dormir é que Mendonça
mudava. Vinha de revólver engatilhado e indagava com boca de lobo e olho em
fogo: “dona Jurubaldina, onde está o mancebo teu amante, dona Jurubaldina?”. E
danava a percorrer os armários de não deixar uma só peça sem vistoria. Quando
dava na veneta, subia de gato pelo teto em risco de quebrar a canela. Uma vez
foi parar no forro da casa em ceroulas e de garrucha na mão. Como sou mulher
direita, em quinze anos de casamento só cinco vezes Mendonça pegou gente dentro
do meu guarda-vestido. No mais, foi rebate falso.
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