sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

CONTINUADOR




Dor? Ah...passei do ponto de senti-la.
Assim como o sol queima a sua massa,
lutam em mim o caçador e a caça,
lançando trevas onde a luz cintila.

Pobre de mim, que só sei ser eu mesmo:
um purgatório, meio boca mole,
incapaz de morder um rocambole
sem sentir culpa no cartório, a esmo.

Sim, lembro muito bem da minha infância,
do menino sonhando, amargurado,
com um naco de pão amanteigado
e um copo de ksuco enchendo a pança.

Tudo ficou pra trás, passei da conta
e, se hoje o poema faz a festa,
tímido espio o verso pela fresta
e o que vejo sou eu e a obra pronta!

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Antonio Thadeu Wojciechowski

 

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