1
o quarto trabalha na noite.
ela, imensa,
do outro lado.
digo que o homem percorre os silêncios de sua
mulher delicadamente
(uma, duas, cem vezes se for necessário —
até iluminá-los por completo).
lá onde os pássaros se tornam provas do perdão
e os livros ganham altura.
2
o homem, seus olhos; um sopro
na fragilidade do abajur.
depois desaparece,
como se estivesse dizendo que ama a mulher.
3
ou o que ele venha a ser,
uma escuta, uma porta —
e a mulher do outro lado, com as mãos trêmulas.
4
a mulher dizendo o nome indizível do homem como se
o abrisse.
Mar Becker
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