domingo, 3 de fevereiro de 2013



1

o quarto trabalha na noite.

ela, imensa,
do outro lado.

digo que o homem percorre os silêncios de sua mulher delicadamente
(uma, duas, cem vezes se for necessário —
até iluminá-los por completo).

lá onde os pássaros se tornam provas do perdão
e os livros ganham altura.

2

o homem, seus olhos; um sopro
na fragilidade do abajur.

depois desaparece,

como se estivesse dizendo que ama a mulher.

3

ou o que ele venha a ser,
uma escuta, uma porta —

e a mulher do outro lado, com as mãos trêmulas.

4

a mulher dizendo o nome indizível do homem como se o abrisse.
 
Mar Becker

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