segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Os girassóis.



De Mara Paulina Arruda
A chuva se anunciou nas nuvens escuras. O vento carregava-as nuvens numa mesma direção, aglomerando-as. Dava pra ver que no horizonte as águas faziam uma cortina translúcida. Os meninos na rua recolhiam as bicicletas correndo para dentro de suas casas. Homens lutavam com a força do vento que os empurrava colando suas camisas e calças no corpo. As mulheres seguravam as bolsas, os vestidos e tentavam manter os cabelos penteados. Não demorou muito e a chuva começou a atingir tudo o que estava a sua frente. Trovoadas, relâmpagos. Ela foi se protegendo como podia: com a bolsa na cabeça... a cada passo um “Santa Bárbara nos protegei!” era dito para a santa das tempestades. E assim foi até chegar em casa quando viu na caixa do correio um cartão postal! Ela, uma leitora dos romances de Van Gogh ficou impressionada com a caligrafia dele. A chuva deixou de ser importante. E dentro de si buscou o livro, um dos últimos que lia e que ele tinha deixado numa tarde de verão, num lugar camponês. Teve a leve sensação de entrar naquele mundo amarelo que doía aos olhos e encantava-a com a sua presença em letras.

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