Os girassóis.
De Mara Paulina Arruda
A chuva se anunciou nas nuvens escuras. O vento
carregava-as nuvens numa mesma direção, aglomerando-as. Dava pra ver que no
horizonte as águas faziam uma cortina translúcida. Os meninos na rua recolhiam
as bicicletas correndo para dentro de suas casas. Homens lutavam com a força do
vento que os empurrava colando suas camisas e calças no corpo. As mulheres
seguravam as bolsas, os vestidos e tentavam manter os cabelos penteados. Não
demorou muito e a chuva começou a atingir tudo o que estava a sua frente.
Trovoadas, relâmpagos. Ela foi se protegendo como podia: com a bolsa na
cabeça... a cada passo um “Santa Bárbara nos protegei!” era dito para a santa
das tempestades. E assim foi até chegar em casa quando viu na caixa do correio
um cartão postal! Ela, uma leitora dos romances de Van Gogh ficou impressionada
com a caligrafia dele. A chuva deixou de ser importante. E dentro de si buscou
o livro, um dos últimos que lia e que ele tinha deixado numa tarde de verão,
num lugar camponês. Teve a leve sensação de entrar naquele mundo amarelo que
doía aos olhos e encantava-a com a sua presença em letras.
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