O Padrasto Noel

Na Idade Média, numa vila, existia um bruxo viúvo chamado Stanislaw. Um certo dia, ele se casou com dona Assunta, uma outra viúva que tinha dois filhos muitos travessos: Vanessa e Antônio. Estas crianças eram tão sapecas, que eram conhecidas no lugarejo como “os irmãos endiabrados”. Quinze dias depois do matrimônio, Assunta morreu e Stanislaw passou a cuidar das crianças. Mas, algum tempo depois, os irmãos peraltas mudaram todo o mau comportamento e ficaram dóceis de uma hora para outra. Então, na vila, ocorreu o boato de que Stanislaw era muito rígido com os seus enteados e chegava a bater de chicote nestas crianças. Um certo dia, o alfaiate da vila, que tinha duas filhas sapecas, perguntou ao bruxo:

- Seu Stanislaw, qual é o método que o senhor usou para transformar seus enteados encapetados em crianças meigas?

O feiticeiro respondeu:

- O segredo é saber impor suas próprias idéias e surrar muito as crianças quando fazem algo errado. Porém, o método primordial é o do Padrasto Noel.

O costureiro perguntou:

- Como funciona esta metodologia?

O bruxo explicou:

- Diga para seus filhos que se eles não se comportarem bem durante o ano, não ganharão presentes do Papai-Noel no Natal e, sim, castigos do Padrasto Noel dependendo das travessuras que aprontaram. Mas, não se esqueça de se vestir com roupas de São Nicolau da cor preta e de carregar um machado na mão toda a vez que fizer comentários sobre as travessuras dos pequenos.

- Lembre-se que invés do tradicional: “Ouh, ouh, ouh, Feliz Natal!”, do bom velhinho, você precisa dizer: “Eh, eh, eh, eu peguei você!”

Assim, a notícia se espalhou pela vila e todos os pais passaram a utilizar o método do Padrasto Noel.

Até que um dia, o príncipe Felipe subiu ao poder, soube deste método e achou este estilo, de educar crianças, muito rígido. Por isto, ele proibiu qualquer manifestação do sistema do Padrasto Noel. Além disto, este monarca conversou com o bispo, que condenou Stanislaw à fogueira, na Inquisição, acusado de bruxaria.

Desta maneira, o bruxo foi morto, na fogueira,vestindo sua roupa preta de Papai-Noel.

Alguns anos se passaram e naquela vila, havia dona Elisa, que sofria com sua filha sapeca e rebelde. Pois, a menina colocava fogo em animais abandonados, jogava pinico com xixi pela janela na cabeça das pessoas, roubava roupas no varal, etc. Um certo dia, Elisa estava passeando pela floresta e entrou na casa que tinha pertencido a Stanislaw. Lá, ela achou um livro negro, com o nome: Como Invocar o Padrasto Noel Stanislaw Depois de Sua Morte, Um Método Para Educar Crianças. A mulher achou o título interessante e roubou o livro. Então, ela usou as fórmulas mágicas que estavam na obra para educar sua filha. Deste jeito, a menina pouco a pouco transformou-se em uma criatura de candura. Porém, na véspera de Natal ela sonhou com um homem vestido com roupas de Papai-Noel pretas que disse-lhe:

- Você apanhará de chicote para pagar pelas traquinagens que você fez contra sua mãe!

Então no dia 25 de dezembro, ela acordou com marcas de chicote pelo corpo e contou o que aconteceu para sua mãe. Desta maneira, a lenda do Padrasto Noel espalhou-se por todo o lugarejo.

Por isto, a partir daquele dia, toda a vez que um filho fazia alguma traquinagem, era comum sua mãe falar:

- Cuidado com os maus modos, pois o Padrasto Noel poderá castigar você na véspera de Natal.

Luciana do Rocio Mallon