sábado, 16 de fevereiro de 2013





● logo logo logo mesmo ●
● os escorpiões aparecem ●

● por todo esse deserto ●
● as centopeias e os besouros ●

● alguns lagartos as corujas ●
● mas nenhum desses faz mal ●

● esse mal q vem de antes ●
● não se sabe quem fez ●

● quem faz agora toda noite ●
● assim no meio da hora ●

● porisso não posso esquecer ●
● baratas piolhos e percevejos ●

● e todos os animais famintos ●
● loucos pra enterrar os dentes ●

● em qualquer coisa comestivel ●
● aparecem rondam sem parar ●

● quanto a mim nada posso ●
● com essa coluna deformada ●

● essa fragilidade esse cansaço ●
● essa cabeça desmedida ●

● esse cancer do esofago ●
● essa pele q apodrece ●

● e a mais certeira e dolorida ●
● generosidade promiscua ●

● o q sempre me impediu ●
● de pisar escorpiões ●

● ou eliminar esses predadores ●
● mesmo quando tão assim ●

● devorando minhas pernas ●
● com esses olhos essas linguas ●

● indiferença e desejo ●
● como se fossem muito mais ●

Só a ficção nos salva*

Alberto Lins Caldas

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