segunda-feira, 21 de abril de 2014



espécie de nudez no bafo, lama do sangue latejando, fazia com a língua a barba da minha boceta, gostava de gozar nele, deitava a cabeça colava o ouvido na minha boceta, fechava os olhos, pulso relaxando depois de saciados, me tocava oceano desabado, tocava o violão ásperas mãos, garrafas de vinho vazias na respiração das bocas, despia vestido brincos peles cheiros, colocava com calma e precisão meus tornozelos deitados, se escorava na praia das costas, beijava omoplatas abertas ao voo eu não voava, rédeas dos cabelos, quilha em ritual de navegação penetrava rasgava dentro, o desejo tubarão trinta mil mandíbulas vidro estilhaçado, eu cavava a terra que envolvia seus olhos arrancava raízes comia os olhos, um cafuné o devastava, a tranquilidade não tinha ancas, areia o rosto sardas perdidas no vento, ferocidade o contorno dos lábios, sorrisos desamparados mar alto arrebentando contra o coral dos dentes, a lâmina da noite gotas de creme nas sombras que se infiltravam, a serração e o fogo ocultando o que devorava, certa paralisia estilhaçada, fuzilamento das vísceras e o desespero ao recolher brincos roupas peles odores camisinha mal usada lixo do banheiro

Luiz Felipe Leprevost

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