espécie de nudez no bafo, lama do sangue latejando, fazia
com a língua a barba da minha boceta, gostava de gozar nele, deitava a cabeça
colava o ouvido na minha boceta, fechava os olhos, pulso relaxando depois de
saciados, me tocava oceano desabado, tocava o violão ásperas mãos, garrafas de
vinho vazias na respiração das bocas, despia vestido brincos peles cheiros,
colocava com calma e precisão meus tornozelos deitados, se escorava na praia
das costas, beijava omoplatas abertas ao voo eu não voava, rédeas dos cabelos,
quilha em ritual de navegação penetrava rasgava dentro, o desejo tubarão trinta
mil mandíbulas vidro estilhaçado, eu cavava a terra que envolvia seus olhos
arrancava raízes comia os olhos, um cafuné o devastava, a tranquilidade não
tinha ancas, areia o rosto sardas perdidas no vento, ferocidade o contorno dos
lábios, sorrisos desamparados mar alto arrebentando contra o coral dos dentes,
a lâmina da noite gotas de creme nas sombras que se infiltravam, a serração e o
fogo ocultando o que devorava, certa paralisia estilhaçada, fuzilamento das
vísceras e o desespero ao recolher brincos roupas peles odores camisinha mal
usada lixo do banheiro
Luiz Felipe Leprevost
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