domingo, 13 de abril de 2014

De Mara Paulina Arruda

Depois de ver uma pechada João fazia com que o palito na boca rolasse um pouco, depois segurava o palito, analisava e espetava um dos dentes... Posição de socó. Voltava a rolar o palito pela boca. Puxava-a pela mão e juntos atravessaram a passarela. Maninha escutava-o.
-Cadê a nega? Ela foi campiá trabalho e não vorto inté agora...
A poeira na estrada.
Havia uma música sertaneja, o vento despenteando os cabelos deles, a barriga roncando. Pessoas conversando ao redor de uma fogueira no canto da estrada acompanhavam com o olhar o caminhar deles.
-É melhor continuar em posição de socó.

Enquanto procurava a nega, num vôo rasante ele, na aurora, mergulhava no poço que ela era.

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