segunda-feira, 21 de abril de 2014

Relato quase verídico de fatos ocorridos na quinta feira santa:


Três caras pararam o automóvel ao meu lado e saíram gritando:
- Perdeu, playboy! Pode ir passando o dinheiro e o telefone!
Eu, num arroubo de coragem e tentativa de esquiva lírica respondi:
- Playboy nada, rapá! Sou poeta.
Então o porta voz da empreitada tranquilizou-se e disse:
- Ele é poeta, malandrage, então tá com sorte hoje, não vamos mais te roubar, vamo é te bater pra largar mão de ser besta. Onde já se viu poesia ser profissão agora... pra ter este telefoninho de m*
Aí, possuído de uma dose extra do arroubo, respondi:
- Oras, se vocês são ladrões de profissão, por que não posso ser poeta? Além do mais o poetas também são ladrões, ladrões de fogo, nunca leram Rimbaud?
Respondeu ele:
- Ler não li, mas quando era piá vi todos os filmes dele... tá bom, então pela consideração à camaradage profissional não vamos mais te bater... passa o dinheiro e o telefone...



Ricardo Pozzo 

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