Reza a lenda que na antiga Atlântida, existia uma
sacerdotisa chamada Urânia, que era neta de uma maga que foi a criadora de um
jogo de cartas para adivinhação. Urânia pertencia a um grupo de sacerdotisas
daquele lugar. Uma vez, elas jogaram este baralho e através dele previram que
Atlântida desaparecia.
Então, naquela mesma noite, Urânia sonhou que o espírito de
sua avó pediu para que o jogo de cartas fosse deixado perto de um jardim de um
templo egípcio. Deste jeito, a jovem obedeceu à idosa.
Urânia deixou as cartas, dentro de um baú, ao lado de um
templo egípcio dedicado ao deus Thoth. Naquele mesmo dia, uma sacerdotisa
daquele lugar, abriu a caixa, viu o baralho e percebeu que existia algo de
místico nele. Jogando as peças, a sacerdotisa descobriu que elas serviam para
prever o futuro. Então, ela fez cópias destas cartas e ensinou seus segredos as
suas discípulas. Dentre elas, existia uma garota rebelde chamada Taís, que foi
abandonada no templo, pelos seus pais, contra sua vontade. Um certo dia, esta
moça resolveu fugir, pegou seu baralho, errou o caminho e foi parar no deserto.
No meio da areia, ela avistou uma caravana de ciganos
beduínos. Assim, Taís pediu por socorro:
- Estou com fome, com sede e preciso chegar a alguma cidade.
Então, o chefe disse para a menina:
- Poderemos lhe dar alimentação e hospedagem.
- Mas, o que você tem para oferecer em troca?
A moça respondeu:
- Eu tenho este jogo que serve para adivinhar o futuro.
O chefe comentou:
- Isto não parece ser vantajoso.
Mas Halana, a shuvani que era uma espécie de “curandeira” do
clã, interrompeu o homem e exclamou:
- Para minhas práticas místicas, isto me interessa, sim!
- Por favor, dê comida para a garota e deixe a pobre na
próxima cidade.
Deste jeito, Taís ensinou a Halana como se prevê o futuro
através das cartas. Então a shuvani batizou este baralho de tarô que significa
na linguagem dos ciganos beduínos: quatro caminhos. Pois, neste jogo existem
figuras onde os quatro elementos estão envolvidos.
Assim que a caravana chegou a uma aldeia, Taís foi deixada
lá. Após isto Halana fez um ritual sagrado para utilizar o seu tarô, chamado de
Dança dos Quatro Elementos, onde uma cigana entra balançando a saia com um
incenso na cabeça, outra surge dando passadas com uma bacia da água, uma
terceira aparece com um véu balançando pelo ar e outra moça entra batendo os
sapatos contra o chão com uma planta nas mãos.
Após a dança, Halana passou cada carta na fumaça do incenso.
Porém, fez uma profecia:
- Minha alma sempre escolherá uma mulher, em especial, que
terá do dom para o tarô. Mas, ela nunca poderá consultar uma outra vidente, a
não ser ela mesma. Pois, eu não deixarei.
Diz o mito que a mulher que é protegida pelo espírito da
cigana Halana deve aprender tarô, porém nunca poderá se consultar com outro
cartomante.
Desta forma surgiu a lenda de Halana, a cigana do tarô.
Nos séculos XV e XVI, os ciganos espalharam a prática do
tarô por todo o mundo.
Com relação à lenda de que a
dama que é protegida pela alma da cigana Havana deve aprender tarô, mas
nunca poderá se consultar com outro cartomante, aconteceu algo curioso: estes
dias eu estava conversando com minha amiga Adriana e ela confirmou que, um dia,
resolveu se consultar com um tarologo. Porém, ele não conseguia abrir as cartas
e ainda por cima comentou:
- Não estou conseguindo ver o seu futuro porque a sua cigana
não deixa.
Luciana do Rocio Mallon
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