quarta-feira, 4 de novembro de 2015


Conhecer os limites extremos da dor
que martiriza o corpo e a carne
na navalha cortante
dos poros em aberto...
os limites se tornam fascínoras
da ultrapassagem da chegada
porque devassam a alma
lacrimejante da luxúria... Assim como um sáfiro da dor
ela encanta e desencanta o ser
na descontinuidade do absorver
o desejo sincopado do dever...
Limites travestidos da angústia
que se acasalam com o ódio desperto
despertando a ira do vento
na roupagem devassa do gozo...
No extremo da dor
onde o frio estupra a alma
na carícia do corte
que sangra a pele do sentir...
Ele rompe as cloacas
do desvairado coração
na ponte que se abre
da safena do iceberg...
É a morte que chega
no trem da crueldade
que arrebenta os trilhos
da estação da loucura...
É o mergulho sem volta,
a flecha que parte sem rumo
e estica seus fios de aço
na teia da vertigem...
Mergulho indecente
de uma chama incandescente
que apaga o fogo da brisa
na cascata da ilusão...
Ultrapassar o possível
perverso do impossível
onde os passos não mais se sentem
na escadaria da bofetada...
Ela estala o ar
e te acorda no dentro
do implodir a tristeza
do grito estancado e sufocado...
Caminhar ao extremo
e sentir o desfalecimento...
Desmaio das cinzas
do luto da imensidão
das horas do querer...
Saber que o sinal abriu
no alerta do desejo
e mesmo em meio ao não
no chicote a encontrar
ultrapassar o que não pode...
O olhar fotografa
na alma que chora
o vazio do nascimento
do limite ultrapassado...

Carla Torrini




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