A moda de atropelar doença com antibiótico,
De sufocar angústia com shopping center,
De calar amor com caixa de chocolate comprada em segredo,
de esvaziar de sentido o nosso sexto,
de descontinuar o tempo na euforia do imediato,
de se desconhecer origem e fim de nós ou tudo:
cansa.
(Essa secular fadiga se instalou, e se faz esporadicamente
sobre minha alma.)
Explicar que o que se descarta não desaparece na mão do
ilusionista,
Que dentro e fora se refletem sem ser mesma coisa,
Que há códigos mas também cada experiência nos impele ao
aprendizado de uma nova língua,
Que gente tem formas de abrir , fechar , funcionar e
emperrar conforme palavras e tons e gestos de outros:
cansa.
Mas de tudo mais me cansa
o incansável querer
o que não se alcança.
Luciana Cañete
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