Ela sou eu mais adiante.
Eu sinto, eu sei, eu sonho.
Ela me vê em si já encoberta de novas coisas
incompreensíveis pros meus pequenos olhos de esquimó.
Ela caiu de pára-quedas e não pude devolvê-la pro alto.
Ela aterrisou com sua bússola estragada e seus mapas de
cabeça para baixo(que inexplicavelmente a levam exatamente aonde deveria
chegar), seus vasos úmidos e dezenas de latas arcaicas e não pude evitar.
Às vezes ainda sinto um medo, um estranhamento que cada dia
parece menor, mais longínquo.
Ela sabe esse labirinto vegetal no meio da cidadezinha, o
que já é quase um código secreto.
Porque também eu me desacreditei, porque também eu me
impedi.
Já é época de borboletas e mariposas sairem dos casulos e
também nós, de nossos medos.
E também nós.
A primavera não perdoa o desdesabrochar, nos obrigará sempre
a florir.
Luciana Cañete
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