sexta-feira, 31 de março de 2017

[Da Arte Inexorável de Ser Noves Fora Bem Ridículo]



A maior parte do tempo a maior parte de mim não tem a menor ideia do que está falando.
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– Você é autodidata?
– Não, não, sou autoidiota mesmo.
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Ridículo todo mundo é. Mas o ridículo que se assume ridículo, esse transcende.
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O melhor antídoto contra o ódio é o ridículo. O ridículo de si, de cada um, de absolutamente todo mundo.
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Quando o patético se assume, torna-se um lírico. Torna-se um Chaplin, um Buster Keaton, um Didi Mocó (Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo) de si mesmo.
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O homem é o lobo do homem. Deus é o lobo de Deus. Mas eu sou a pulga de mim.
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Quem não ri de si mesmo ri de si pelas costas.
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(das glórias póstumas)
Foi ridículo de ver: Júlio César, coitado, tentou atravessar o Aqueronte como se fosse o Rubicão.
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(Deus, vestido de palhaço, diria mais ou menos assim...)
– Somente os que caírem no ridículo subirão aos céus... Rá, glu-glu, ié-ié, é mentira! Ninguém subirá aos céus!
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Em nome do Pai, do Filho e do Sílvio Santos, amém.
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Escrevo de madrugada, quando ninguém está acordado. Sou lido de madrugada, quando todos estão dormindo.
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Minha formação? Sou pós-doutorando em perplexidades. Serve?
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Se um médico me desse três meses de vida, eu voltaria a fumar, eu voltaria a beber e iria à igreja todo santo dia.
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Amarre os sapatos, afivele o sinto, ajeite o terno, a gravata, os punhos da camisa... Mas nunca esqueça este último detalhe: a alma sempre, sempre rasgada no fundilho.

Rodrigo Madeira

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