domingo, 26 de março de 2017

preciso de um silêncio
que me faça desistir do penhasco
que seja já gasto
mas ainda cheio de gozo
que me coma viva
que me atire ao rio
que me dê o desvario
de um pássaro no cume do céu.
que esprema dos meus ais
e dos meus risos
que me livre do fel
e me passe o anel, como nos dias
dos meus sete anos.
que seja capaz de alisar
meus visgos mundanos
que sorria do anjo
que ainda me mora
que corra, a quinhentas saudades por hora,
ao meu lado
preciso de um silêncio farto
que faça verter a glória da essência que fui
no agora eternamente que já não sou
no qual eu possa vibrar o risco
de tudo que me desamou
desde que eu não corra perigo
de corte na carne em flor.

Lázara Papandrea

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