Como estar de alvíssaras, o povo, gado marcado, povo
infeliz?
Como te ver feliz sem a lente do encantamento, sem as
esperanças perdidas, sem os eflúvios do amor?
Que horror esse mundo, cada vez mais hediondamente feio, em
adiantado estado de corrupção.
Sinto ansiedade pelos dias que virão sem verão, vocês me
verão.
Penso na morte e na ressurreição.
Tornei-me clérigo com o objetivo nítido de ser um novo
Orfeu.
No coro, não cheguei a corifeu.
AIFUdeu.
Só, sempre só, eu e o sol que enche a cara toda noite e
acorda com espasmando os vômitos cirróticos da ressaca.
Os dias cinzentos, pra aguentar, só com pinga e cinzano.
A temperatura no final de semana despenca.
Triste a cidade, não mais me sorri.
Percorro sozinho os escaninhos das ruelas, nos becos e
butecos com papo com as putas e as donzelas.
Embarco no Bondinho da Rua das Flores para Pasárgada,
destino Paraíso.
Curitiba das colinas de São Francisco, seus seios, meninos,
eu vi.
Curitiba que nunca deixou de ser o que é, chuvinha friinha,
fininha, chuvica, chuvona, a borrasca, a bonança, a geada, a neve.
Vou dormiiiiii e sonhar na clausura sem censura.
Arrancar os cobertores esfiapados, furados, para nus nos
cobrir, o corpo do espírito carcaça.
Viver em Curitiba é isso, já dizia o finado Esculápio, só de
cara cheia de cachaça.
Não, hoje não bebi.
Bjs ao mulheril amado, e ao desamado também.
José Aparecido Fiori
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