Nos anos 80, quando eu era criança, toda a vez que minha mãe
via um casal com muitos filhos, logo dizia:
- Coitados destes pobrezinhos, têm muitos filhos por não ter
televisão em casa.
Assim, indaguei:
- Mãe, a televisão não deixa as pessoas terem muitos bebês?
- Por que?
Ela respondeu:
- Porque a televisão distrai e a pessoa não pensa em fazer
sacanagem.
Quando cresci mais um pouco, logo associei a gíria sacanagem
ao sexo. Mas, notei que as cenas de relações carnais aumentavam na televisão.
Assim, refleti:
- As pessoas que possuem televisão têm menos filhos, pois
fazem menos sexo. Afinal, com tantas cenas quentes na tela, os casais devem
ficar enjoados de assistir ao ato pecaminoso e nem ficam com vontade de partir
para a ignorância.
Naquela época, tinha um programa chamado TV Mulher, onde a
sexóloga Marta Suplicy esclarecia dúvidas sexuais e uma vez assisti a um
depoimento dela falando de pílulas anticoncepcionais. Porém, raciocinei:
- Para que remédio para evitar filhos se já existe
televisão?
O tempo passou, eu cresci e veio a moda da Internet. Minhas
amigas casadas começaram a reclamar que os maridos passavam mais tempo na Rede
Mundial de Computadores do que tendo momentos íntimos com elas. Naquele
instante pensei:
- Seria a Internet um novo tipo de anticoncepcional?
Estes dias, eu estava dentro do ônibus. Quando vi, pela
janela, uma catadora de papel com seus cinco filhos. Como um raio, uma
adolescente, que estava dentro do coletivo comentou:
- Nossa, a mulher tem cinco filhos!
- Com certeza esta não tem Internet em casa.
Luciana do Rocio Mallon
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