sexta-feira, 14 de abril de 2017

Lenda do Corsário Zulmiro e Cigana Hortênsia



Um das lendas urbanas mais famosas do Paraná é o causo do pirata Zulmiro e de seu tesouro que foi enterrado num dos túneis subterrâneos do bairro das Mercês, na cidade de Curitiba. Existem várias versões para este causo, a mais romântica é que Zulmiro, chamava-se na realidade Summers e era um corsário inglês, uma espécie de militar que era pago para abater os navios dos piratas maus. Reza a lenda que Summers e seus soldados invadiram um navio-pirata que estava carregado de tesouros roubados. Mas, Summers se apaixonou por uma cigana que estava dentro da embarcação, desembarcou no porto de Paranaguá, pegou um dos baús e fugiu com esta donzela para Curitiba, onde enterrou o tesouro. Vamos ler esta lenda abaixo:

Há muitos anos atrás, na Europa existia uma cigana chamada Naranda, que não conseguia engravidar. Um certo dia, a sua caravana parou em frente a um jardim de hortênsias.  Assim, Naranda aproveitou a tranqüilidade para orar e oferecer um lenço para a padroeira dos ciganos:
- Santa Sara Kali, ofereço-lhe este lenço abençoado...
- Por favor, faça com que eu engravide!
- Se eu ficar gestante de uma menina, ela se chamará Hortênsia como as lindas flores deste jardim.
Algum tempo depois Naranda engravidou e teve uma menina com lindos olhos azuis. Conforme a promessa ela batizou a garota com o nome de Hortênsia. A pequena cresceu em beleza e tornou-se uma linda mulher. Desde criança esta menina gostava de tudo que era relacionado ao mar: água, peixes, areia, navios e principalmente piratas. Hortência gostava de histórias sobre corsários e o seu sonho era se casar com um, apesar de saber que uma cigana só pode se casar com outro cigano.
Um certo dia, a caravana parou perto de um porto e os ciganos se apresentaram no local. As mulheres dançaram com lenços, leques e pandeiros para o público. Porém, no meio da platéia havia um conde mau que se apaixonou, a primeira vista por Hortênsia e mandou raptá-la. Assim, naquela noite homens encapuzados invadiram o acampamento e levaram Hortênsia, que foi colocada como prisioneira dentro do porão do castelo do conde. Porém, a cigana tinha uma lixa mágica escondida na saia e lixou as grades. Então, ela saiu correndo em direção ao acampamento, mas notou que não havia mais ninguém lá. Logo, esta moça percebeu que os guardas do conde estavam a perseguindo. Deste jeito, a jovem fugiu até o porto e se escondeu no porão de um navio sombrio que logo partiu. Naquele porão ela notou que existiam tesouros nos baús. Mas, de repente, esta moça escutou um barulho e se escondeu dentro de um baú vazio. Porém abriram o baú e Hortênsia viu uma mulher e um pirata com um papagaio no ombro. Desta maneira o homem perguntou:
- Quem é você?
- O que você está fazendo aqui?
- Pois, saiba que iremos jogá-la aos tubarões.
A donzela respondeu:
- Por favor, não me matem.
- Eu sou a cigana Hortênsia...
De repente a mulher interrompeu:
- Você é cigana?
A jovem respondeu:
- Sim!
Desta maneira, a mulher continuou:
- Eu sou Beth a esposa, do pirata Ricardo, chefe deste navio.
- Você sabe jogar tarô e ler o futuro nas mãos?
Hortênsia respondeu:
- Sim.
Beth indagou:
- Poderia fazer estas coisas para mim e para as esposas dos outros piratas?
A donzela respondeu:
- Claro.
A mulher explicou a Ricardo:
- Por favor, não jogue a cigana no mar, pois ela não é perigosa. Devemos ter medo apenas dos corsários ingleses que se dizem piratas, mas são pagos para abater os navios de nós, os piratas verdadeiros.
Então Hortênsia leu a sorte das pessoas do navio e ajudou nas tarefas domésticas.
Porém, de repente, todos ouviram tiros de um canhão. Logo um dos piratas gritou:
- São os corsários ingleses!
Desta maneira uma grande batalha começou até quando os corsários ingleses invadiram o navio dos piratas e tomaram o comando da situação. Assim, no meio daquela confusão, o corsário Summers olhou para Hortênsia e se apaixonou por ela. No desespero, a donzela disse:
- Por favor, não me mate, pois eu não faço parte do grupo de piratas. Sou apenas uma cigana...
O rapaz perguntou:
- Você aceita fugir comigo?
A jovem disse:
- O que?
Summers repetiu:
- Você aceita fugir comigo?
- O navio irá desembarcar daqui a pouco no porto de Paranaguá. Podemos pegar um baú de tesouros e irmos até a Vila Nossa Senhora da Luz...
A cigana exclamou:
- Sim, eu aceito!
- Vamos embora logo!
Então, o corsário pegou um dos baús e fugiu com Hortênsia para a Vila de Nossa Senhora da Luz, que hoje é Curitiba. Lá, Summers mudou seu nome para Zulmiro, já que estava sendo procurado pela justiça inglesa. Ele gastou uma parte do tesouro, porém a outra metade ele enterrou num dos túneis, que os jesuítas construíram no bairro das Mercês. Reza a lenda que este baú está emparedado nos subterrâneos, mas que um dia será achado e que os fantasmas de Zulmiro e Hortênsia passeiam no Bosque Gutierrez nas noites de Lua Cheia.
Luciana do Rocio Mallon


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