domingo, 9 de abril de 2017

"quer uma bola? eu tô de boas"
o novelo de chumbo
que coroa meu pescoço
reinvidica demissão
por justa causa
calço o esgoto
em que chafurdam
os espelhos
do meio do caminho
a bruma fria
que me cobra
repreende
meu delírio enfadonho
colher seixos
na noite primitiva
recolher vacuidades
no vão
entre o ser em si e o ser para si
termocionalmente implodem-se todos os grãos que mosaicam em uma melodia psicótica o cerne da minha sombra seca: a monotonia da alucinação (in) coletiva
os cervos acenando nas dunas de um silêncio ocular olvidado na amálgama dos séculos
teu timbre úmido pulverizando minha obselescência programada
retalho
amasso
esmago
a névoa que me cinge a lucidez que precede outro reigicídio mental
comprimo-me
mas não me engulo
se você fosse uma peça de xadrez
seria um cavalo
entabulo
meus cacos
em outras
fraturas temporais
danço
sem abdicar do meu ódio por todas as pessoas egocêntricas que ousam me macular com um toque inexorável no meio de um busão lotado
não, não estou fritando
já me queimei na pira
desta nostalgia paradoxal
apenas agarro
apenas ofego
apenas nego
estou farto de estar
farto de se fadigar
repito o mantra:
eu tô sempre dopado
ele caminhou lentamente em sua própria ausência, pariu assentado no medo o mais feio dos golens, maquiou-se com comerciais imperativos, mutilou-se com gargalhadas surdas e sussurrou:
i'm a loser
so why don't you kill me?
só pra frisar o óbvio:
eu tô sempre dopado
&
a sociedade é uma fantástica fábrica de suicídios

ray cruz

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