domingo, 9 de abril de 2017



Morreu Cristovam Tadeu, estou pasma! Não deveria, minha geração começa a se aproximar desse momento e a finitude sempre nos pega a meio caminho, apenas começando e isso é triste. Nunca viveremos o suficiente, nunca completaremos tudo que pretendíamos e fica o por fazer, o meio caminho andado para a próxima geração. João Pessoa era pequena na época que morei lá. Cristovam e eu éramos da mesma geração, da mesma tribo por assim dizer, nos conhecíamos. Porem, conhecidos, simpáticos, gentis, nunca chegamos a ser mais que formalmente amigos. Faltou a intimidade, a oportunidade de mais conversa, uma troca maior que poucas palavras em comum além das amabilidades sociais. Tão certos estávamos da eternidade e das nossas afinidades, que faltou a busca, a intenção do encontro, a interação real. Agora Cristovam Tadeu morre com essa amizade que por ser sempre possível, ficou definitivamente adiada. Isso é triste. Não nos faltaram motivos para firmá-la, não aproveitamos é as oportunidades. Algo fica incompleto, para o sempre incompleto, e fará falta: estou triste e estou pasma.

Inês Monguilhott

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