sexta-feira, 29 de setembro de 2017

TROVISCANDO



“Quando o loureiro der baga
e o loureiro der cortiça,
então te amarei, meu bem,
se não me der a preguiça.”

Quando ela me disse assim,
Eu chorei quase que um mês,
Tive até pena de mim,
Mas não perdi altivez...

Fiz de tudo que ela quis,
Cantei moda, fiz um verso,
Montei até em perdiz,
Trouxe estrela do universo,

Peguei saci pererê,
Espanquei o corisco
Comprei lua sem poder,
No sol coloquei chapisco

Roubei anel de Saturno,
Bebi até água-viva,
Fiz o sol virar noturno,
Até matei sempre-viva,

Amansei cavalo brabo
Eu fiz cafuné em cobra,
Pus babador em quiabo
Beija a boca da sogra...

Tudo pra poder te ter,
Pitelzinho de morena,
Mas agora vou dizer,
Até que valeu a pena...

Toda noite nessa cama,
Ela chama sem parar,
Meu amor quando se inflama,
Num cansa de namorar!

A primeira trova é da região de Ouro Fino, Minas Gerais

Marcos Loures


Nenhum comentário: