Quando nada mais faz sentido o fim parece ser covardia e
egoísmo, mas é apenas libertação da rotina de acordar e mover. Viver tornou-se
algo insípido nesse mundo acinzentado, meu corpo dói sem causa aparente. Faço
minhas últimas ações, desistindo do pensamento torpe de registrar uma carta de
despedida, então vou para o quarto no qual tudo está preparado.
A vida e a morte brincam numa gangorra como duas crianças
agitadas enquanto o tambor é preenchido com apenas uma munição. Minhas dores
são emaranhadas da azia de existir e pela fome doentia de apagar-me de vez. Um
disparo de metal contra o céu da boca jorra rubro encharcando paredes após o
estampido que findou uma existência obsoleta.
- Mensageiro Obscuro.
Heder Duarte
Agosto/2011.
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