sábado, 2 de janeiro de 2016

o tartaruga

Depois de entregar-se por muito tempo à água, voltou a terra onde com a matemática dos olhos procurava descobrir os lugares onde os tracajás haviam enterrado os seus ovos e, isto, os homens da ciência sabiam menos que ele. a prática fizera-o mestre no

buscar os ninhos camuflados no igual do branco da areia.

a praia, descendo da densa mata devoluta, serpenteava no rumo do rio onde um enorme jacaré, num peso de montanha, dilatou o vazio para dar duas rabanadas, e, em vôo submerso atingiu o mo-lhado da margem e ficou olhando-o com um olhar famélico. era um inimigo que não ficara de vir, embora ter, ele, admitido, sempre, a possibilidade daquela indesejável presença. via o espírito da fome rondando as suas carnes. sentiu-se quase prisioneiro. na posição em que ficara, a fera, dominava, realmente, a única saída. o seu casco, que havia deixado na beira, estava a dois passos do anfíbio, cujas patas velozes arranhavam o chão num chi-chi manhoso, preparan-

do-se para a furiosa investida.

(Benjamin Sanches). Amazonas

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