quinta-feira, 2 de março de 2017

há bons e maus poemas
e o mundo
e o mundo obtuso obscuro
abscôndito como um blues
há sempre a terceira margem
o rio
o riso franco de varandas
e girassóis em chamas afogados num
beija flor de cristal
há algo vicejando fora de teus olhos
há a pulsação
o ritmo quase mudo surdo
ignoto do desconhecido
nas margens nos sinais do sol
há o lago o vulcão
sins sons e a lua
há a vida e a morte
e este instante q vai-se embora
como o dia
como a flor
as asas da borboleta
o tsunami o tsunami
no japão
há o caos o brilho
os índios
os negros
os pobres
os fodidos de toda espécie
os desavisados
os desabrigados
os famintos de muitas fomes
e bons e maus poemas
mas não há apenas isso
há aquilo q não se percebe
aquilo q não se diz
q não tem nome
q não pode ser verbalizado
há o mistério na ponta de tudo
em q há o túnel o drama o escuro
a solidão do caminho
o trem o trem a paisagem
a passagem desconhecida
as rotas as colisões
o espanto
o espanto
o cio o ciclo
as estações
há algo q esconde-se
o imperceptível
o imponderável
aquilo q vc sentiu
e q agora desfaz-se
nas asas do pássaro
azul.
Sérgio Villa Matta
há insondáveis abismos
no profundo verde liso
dos teus olhos
entretanto,
eu sempre cismo em pulá-los
como se dum trampolim
braços em riste,
de cabeça ,
amortecendo
o impacto do desconhecido
em mim.

Lázara Papandrea

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