Em primeiro de maio de 2011
um árabe foi morto
em sua casa
diante das mulheres amadas
esposadas, e foi morta
uma esposa, tentando defendê-lo
foi morto um de seus filhos.
Era Osama Bin Laden?
Não era? Como sabê-lo...
Entanto era um árabe
era um homem,
era uma família, mais uma
a ser chacinada. Em nome de quê?
Da vingança? Da manutenção
do mito de que o império
sempre se vinga de quem lhe resiste
e confronta?... Bem, isso, certamente:
ninguém o fez como Bin Laden.
Em primeiro de maio de 2011,
um homem foi morto,
e pelas ruas da América do Norte,
uma turba brutal urrava e saltava,
saltava e socava os ares bradando
brindando na furiosa alegria rubra,
e rubra, e rubra, e azul rota, e rubra,
rubra, rubra...
Rubra, tão rubra e rota.
Um homem foi morto. Mais um.
Mais um homem, mais um filho
uma esposa. Eram Bin Laden
e os seus?... Será que eram mesmo?
Era o filho do magnata,
o filho da família e da nação
que possui mais de seis por cento
da própria América do Norte?
Não. De mim não creio que fosse.
Não creio que fosse mais
que um dublê de Bin Laden,
mais que um seu apoiador.
Entanto apoiador quem não era?
Somos todos Bin Laden!
Somos todos palestinos, afegãos,
muçulmanos! E com um pouco
de amor: mujahadins!
Somos todos Hezbollah, Hamas!
Mas não Al-Qaeda. Pois esta
é o mesmo que América do Norte.
Um pássaro, um avião
atingiu um prédio, e outro.
Foi um homem? Fui eu,
foi você, fomos nós,
vós eles e o Anti-Cristo?
Foi Bin Laden?...
Foi um anjo, um demônio?
Uma Nêmesis ensangüentada
e exata: um gênio
um líder, — um louco...
Foram dezenove homens
munidos de facas Alfa
a derrotar um império mundial?
E num único dia, num único ato?
Foi o Cristo de retorno?
Foi o mundo que se desmoronou
e se acabou pra melhor?
Foi o começo de uma nova Era,
que se abre e raia aos poucos?
Foi o arcano 16? Nostradamus?
Zaratustra? Foi o Anti-
o Outro cordeiro santo,
revolucionário,
sanguinário de si próprio
de seus mártires, mas não só destes
e sem mostrar a outra face:
mostrando a mesma. A mesma.
Ora que honra pra um maldito
guerrilheiro
ser simbólica ou hipotética-
mente morto
no primeiro de maio.
Igor Buys
1º. de maio de 2012
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