domingo, 9 de abril de 2017

DO AMOR


o amor já não suspira
já não dá seus latidos definitivos
já não sopra como antes
o amor agora
já não é nem resquício do que foi um dia
entrou numa espécie de greve permanente
doente de si o amor já não fala
não aborda sua própria temática
o amor agora
é só uma prática antipática
uma dor no estômago
um falso manejo
sem toque sem sexo sem beijo
uma ode esquecida para sempre na gaveta
o amor já não senta na praça
já não molha os cabelos no chafariz
o amor agora está mesmo por um triz
não tem mesmo volta
soberbo de si
o amor está mergulhado
em sua própria revolta

Flavio Castro

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