Pelos sonhos da alvorada
e as nuvens do entardecer,
pela barreira de espinhos,
pelo esplendor das colheitas,
bendita a graça de ser.
Bendita pelo trabalho
que balizou a escalada
de almejadas culminâncias,
embora não atingidas.
Pelo aguilhão do sofrer
que ensinou a olhar em torno
e despojou do supérfluo
o denso núcleo essencial.
Pelas ilhas interiores,
onde o pensar se estirava
à sombra de hora desertas.
O escuro timbre de ausência
de austeros dias de luto.
Os momentos tilitantes
clara guirlanda de risos
do convívio mais amigo.
Por tudo aquilo que foi
e o que podia ter sido,
bendita a graça de ser.
Helena Kolody
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