As cores de um verão inconsistente, desfalecem-se em tons
pálidos.
Surge o Outono, que dá os primeiros passos, no primeiro dia
da sua existência, neste ano de 2011.
Começa frio, a pedir agasalhos antecipadamente, vem de
semblante carregado por nuvens escuras de prenunciam chuva. Está com cara de má
vontade. Pode ser só ameaça ou simples brincadeira. De repente surpreende-nos
com temperaturas simpáticas.
As folhas caducas, vão-se libertando da sua prisão efémera,
à sua progenitora.
Antes limbos de acentuada cor verde, de esperança, agora, amareladas
e ressequidas pelos ventos e sóis da estação anterior, de tanto as acariciarem.
E caem, desprotegidas, abandonadas ao seu destino.
Aglomeram-se numa atitude de auto proteção, em volta daquela que lhes deu a
vida. Olham-na, despeitadas, com revolta, ou felizes, porque enfim são livres?
A luz, agora um pouco mais sombria do Outono, pode levar a
momentos de instabilidade emocional.
Mas também, é nesta época, que, caminhando por entre as
árvores, pisando as folhas secas, ouvindo o estalar dos seus frágeis caules,
que se consegue conquistar os caminhos da reflexão e deixarmo-nos levar por
mundos de encantamentos e sonhos.
É a Estação de transição entre o fogo e a água, entre a
explosão das emoções vulcânicas dos amores estivais e a frieza das chuvas que esmorecem
as loucuras exacerbadas.
Outono tem fascínio. As suas cores tomam um matiz que
encanta pela serenidade que transmite.
E assim a mãe Natureza, vai-nos gratificando com os seus
valores, as suas vontades, as suas belezas.
Nós, simples mortais, tal como sucede às folhas, temos de
aceitar que a vida não é perene. Só o Outono a cada ano se renova. Ele está
sempre presente.
Assim acontece com os seus companheiros do tempo, Inverno,
Primavera e Verão.
É a Natureza na sua plenitude, que nos deslumbra, que nos
intriga e que tentamos destruir.
José Carlos Moutinho
23/9/11
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