eu conheço essa vida
todo dia estou no rio a contemplar o presente que Deus me
deu
quando o sol se esconde pego minha reca de filhos, são oito
e acendo a poronga, ela se põe a alumiar nossos rostos
corro lá para dentro pego a cuia e derramo a farinha de
piracuí
farinha de peixe assado, todos comem e vão dormir
o mais novo chora quase a noite toda, tem muito carapanã
mas eu que sou sábia
conto a estória do boto
e logo ele dorme no fundo da rede mofada
vida ribeirinha é assim, não tem reclamação
tem rio todo dia
tem banho todo dia
farinha falta não
muita vida, muita munição
saúde..bem, ...essa aí..tem não...
Giselle Serejo, in Série AmazÔnica, Vida.2011
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