quarta-feira, 29 de maio de 2019

A MUSA


Eliane Triska       

Ó, dize-me, poeta, mesmo ausente,
De mim, que mal conheço, se te inspiro?
Se é da dor, o que sei, o que respiro
Deixa-me aqui, calada, simplesmente.


O meu sorriso é triste, tu não sentes?
Um curto rio não chega vivo à margem.
Sem dar contas a Deus, sigo em viagem
Meio luz, meio sombra entre as videntes!


Os meus cabelos louros que exaltas
E brilham fio a fio, devagarinho,
São vinhas... luzes soltas das ribaltas,


Me anunciam, à noite, como a musa.
Mas, se te beijo terna e de mansinho,
Ela diz: Vai-te embora ! És a intrusa!

Canoas,/RS

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