quarta-feira, 29 de maio de 2019

Insônia



No barulho da noite
foge meu sono
para praias distantes.
Restam meus pensamentos
de paraísos
antes
das tentativas de dormir.
A insônia,
que promete demônios,
faz-me rir,
os apagam as figuras
do mar azul e de um céu
que abriga uma lua
em gomos
quando meus olhos
lentamente se fecham.
Nas internas pálpebras,
quebram-se vidros,
surgem giros caleidoscópicos,
duas telas interligadas,
vários tons de cores
em viagens ancoradas,
meus trópicos.
Na cama meu corpo é inerte,
tento sair dele, mas ele
me compromete.
Se abro os olhos olho pro teto,
ali, de mim tão perto,
um mihão de possibilidades.
Posso escrever, pintar,
desenhar.
Posso sofrer e morrer,
casar, amar, correr.
Posso me recriar
inventar, cantar,
sumir,
posso o filme que fizer,
passar.
E também de olhos fechados,
o que quiser.
Quero viver,
quero sentir.
E a insônia?
Quero não mais dormir!

Paulo Henrique Frias  

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