terça-feira, 30 de abril de 2013


POESIA VISUAL




todos os poemas são visuais
porque são para ser lidos
com os olhos que veem
por fora as letras e os espaços
mas não há nada de novo
em tudo o que está escrito
é só o alfabeto repetido
por ordens diferentes
letras palavras formas
tão ocas como as nozes
recortadas em curvas e lóbulos
do cérebro vegetal : nozes
os olhos é que veem nas letras
e nas suas combinações
fantásticas referências
vozes sobretudo da ausência
que é a imagem cheia
que a escrita inflama
até ao fogo dos sentidos
e que os escritos reclamam
para se chamarem o que são

ilusões fechadas para
os olhos abertos verem

(poema de E. M. de Melo e Castro)



Inaniciático


Devem ser as traças
que moram no céu da boca
com gosto de remédio
que destroem por intermédio
da inatividade
talvez também pela
inanição forçada
ao longo da estrada
pela pouca experiência
poucas e boas ou
poucas e más
o frio que a vontade trás
não é fácil de
conter.

Matheus Quinan

O Amigo do Mickey foi só um Presságio


Desculpe a estranheza. Desculpe como o vento se dobra quase jogando os copos no chão. Desculpe como as folhas voam e quase cortam seu cabelo. Como eu quase rio quando as coisas são preocupantes, além das minhas próprias coisas. Desculpe como o chão não para quieto quando eu sirvo a dose. Desculpe como o caos me segue em plena segunda feira. Desculpe como empino o ego como uma pipa e logo após, quando a linha se rompe e tudo vem ao chão, eu piso nele e o carrego na sola do meu tênis velho como um chiclete mascado por qualquer pessoa a quem não devo a mínima. E desculpe como pareço ridículo ao me deparar com qualquer problema. Um dia ainda resolvo, mesmo que não haja ninguém para ver e aplaudir além de mim.

Matheus Quinan





Alexandre França

aquilo que muda a sua vida
e tem um aspecto de fogo
deforma com o calor
o seu modo de pensar.
é por estes momentos
que devemos agradecer
a existência
mesmo encontrando
todos os dias no espelho
uma grande cicatriz na cara.

DIMENSÕES




Perdi meus sonhos de luar e lírios
Na cova das demências e delírios.
O que era sonho, aura e fantasia
Foi-se de não em não naquele dia.

O sol soltando seus longos suspiros
Já acordava a noite e seus vampiros.
Tu ias à minha frente, arredia
E triste; eu, também, assim seguia.

Com a cabeça pensa tu pensavas
Em mim e em quanto não querias junto
A ti, eu, nu em pêlo, pele a pele.

Com a minha tristeza nem sonhavas,
Mas viste ao veres que mudei de assunto
Que o sol fica só ao perder um L !

Antonio Thadeu Wojciechowski