terça-feira, 30 de abril de 2013

O TRIUNFO DO GENERAL MANDÍBULA



faca entre os dentes, trinados
de gralhas nos ouvidos, mergulho
no rio dos sonhos, desço ao mundo
dos mortos, pirata na proa
do navio fantasma, golfinhos
saltando no mar revolto, demônio
vestido com roupas de fada, buraco
esculpido na camada de ozônio, ninguém
responde ao chamado, vozes
estranhas na secretária eletrônica,
a agência do bradesco arde
em chamas, punks desfilam nas ruas
de copacabana, o caos ecoa nas ruínas,
escuras esquinas do inferno, pompeia,
são paulo, istambul, atenas, a moda
do outono é a decadência do inverno,
dizem que os profetas só predizem
desatinos, pássaros tenebrosos nublam
presságios, o cacto rubro desconhece
a flor do destino, é no silêncio
que os banqueiros multiplicam seus
ágios, quebram-se dentes, racham
mandíbulas, ossos estralam nas tumbas,
o vento varre os edifícios da cidade,
baleias destroçam submarinos, bruxos
eslavos rasuram signos mágicos, otários
neochics imitam macacos, cadelas
burguesas tomam no rabo, hackers
detonam a musa da TV a cabo, nada faz
sentido nessa névoa de bosta, lama
espessa subindo dos pés ao pescoço,
caronte enlouquecido brandindo
seus remos, vermes homicidas à espera
do almoço

Ademir Assunção

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