faca entre os dentes,
trinados
de gralhas nos ouvidos,
mergulho
no rio dos sonhos, desço
ao mundo
dos mortos, pirata na
proa
do navio fantasma,
golfinhos
saltando no mar revolto,
demônio
vestido com roupas de
fada, buraco
esculpido na camada de
ozônio, ninguém
responde ao chamado,
vozes
estranhas na secretária
eletrônica,
a agência do bradesco
arde
em chamas, punks desfilam
nas ruas
de copacabana, o caos
ecoa nas ruínas,
escuras esquinas do
inferno, pompeia,
são paulo, istambul,
atenas, a moda
do outono é a decadência
do inverno,
dizem que os profetas só
predizem
desatinos, pássaros
tenebrosos nublam
presságios, o cacto rubro
desconhece
a flor do destino, é no
silêncio
que os banqueiros
multiplicam seus
ágios, quebram-se dentes,
racham
mandíbulas, ossos
estralam nas tumbas,
o vento varre os
edifícios da cidade,
baleias destroçam
submarinos, bruxos
eslavos rasuram signos
mágicos, otários
neochics imitam macacos,
cadelas
burguesas tomam no rabo,
hackers
detonam a musa da TV a
cabo, nada faz
sentido nessa névoa de
bosta, lama
espessa subindo dos pés
ao pescoço,
caronte enlouquecido
brandindo
seus remos, vermes
homicidas à espera
do almoço
Ademir Assunção
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