domingo, 28 de abril de 2013



Alberto Lins Caldas
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ervilhas
é preciso comer ervilhas
assim cozidas no molho
de tomates com cebolas

ou comer ervilhas
uma a uma bem verdes
assim amargas e cruas
como se não houvesse fogo

ervilhas
com vinho branco suave
assim contra lingua e ceu
massas vermelhas e queijo

ou comer ervilhas
com pão quase dormido
assim como quem deseja
carne assada ou quase crua

ervilhas
como hoje são so feijões
assim como quem anda
ate perder os sentidos

ou comer ervilhas
com a fome das ruas pobres
assim como quem se deixa
morrer indo pro mar

ervilhas
sem rebuscados artificios
assim sem isso arcaico
?q esperam os poetas

ou comer ervilhas
sem medo sem covardia
assim com vertigem
como quem perdeu ilusões

ervilhas
todas nuas e imprudentes
assim despudoradamente
gostosas e vibrantes

ou comer ervilhas
deixando graves e indigestos
assim todo o resto q se come
ateando a lingua para fora

ervilhas
sem guizos e sem confete
assim como quem come
sem se abismar com a comida

ou comer ervilhas
no meio de vaias e assobios
assim como quem consegue
comer em paz algumas ervilhas

Um comentário:

Anderson Carlos Maciel disse...

Ervilha faz uma rima pobre com lentilha. Lentilha é sustentável pois vegan mais tradicional no sentido espiritual do nobres costumes alimentares. Podemos passar fome ou ter opinião formada sobre frutos do mar no sentido da elegância e da exposição midiática fútil de nosso poder econômico. Incomodaremos alguns apenas com a nossa criatividade em brincar com a comida quando nem fome sentimos devido à elevação espiritual-filosófica. É necessário, entretanto, ostentar estética devido ao paradigma estético da inteligência de toda sociologia lida e compreendida como ímpeto do autor das obras em sobreviver, também ele em meio sempre hostil ao seu ego. Ora devemos ter vaidade e ostentar vaidade, ora devemos ser humildes e não ter vaidade, afinal tudo é um fluxo de vaidades dos humildes vaidosos em sua humildade que aqueles que sentem fome podem comer uma ervilha e ir para o hospital psiquiátrico pelo distúrbio vegetariano da psicologia da esquerda proibida no meio intelectual de elite.