sexta-feira, 26 de abril de 2013

Casa de Antiguidades


 De Mara Paulina Arruda

Vínhamos por uma rua ensolarada num sábado de manhã. Paramos e entramos numa loja de antiguidade.
O interior da loja era um tanto escuro por conta do acúmulo de objetos. Mesas, armários e estantes continham um mundo vivido. Comentei com ele que em cada objeto havia uma história de amor, talvez uma história de batalhas perdidas e, possivelmente, histórias do cotidiano de famílias que nunca saberemos como viveram. Ele sorriu.
Acostumado a conviver com as letras pensei -ele não disse nada- que estaria nominando cada um daqueles objetos. E, talvez, criando neologismos na polifonia da loja.

Relógios cucos, conjunto de mini-xícaras, bules esmaltados, cachimbos, Sherlock Holmes? chapéus de feltro, bengalas ao modo de Charles Chaplin, valises, coleções de selos, cadeiras de diferentes tipos, máquinas de costura, adagas e faquinhas de cozinha. Olhamo-nos de soslaio.
Adiante pulseiras e colares nos levaram ao passado vivido com Helena. Uma batuta ao canto, falamos ao mesmo tempo:seria de Katherine Mansfield?

Líamos os objetos no corredor.

Oh mundo enigmático!

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