De Mara Paulina Arruda
Vínhamos por uma rua ensolarada num sábado de manhã. Paramos
e entramos numa loja de antiguidade.
O interior da loja era um tanto escuro por conta do acúmulo
de objetos. Mesas, armários e estantes continham um mundo vivido. Comentei com
ele que em cada objeto havia uma história de amor, talvez uma história de
batalhas perdidas e, possivelmente, histórias do cotidiano de famílias que
nunca saberemos como viveram. Ele sorriu.
Acostumado a conviver com as letras pensei -ele não disse
nada- que estaria nominando cada um daqueles objetos. E, talvez, criando
neologismos na polifonia da loja.
Relógios cucos, conjunto de mini-xícaras, bules esmaltados,
cachimbos, Sherlock Holmes? chapéus de feltro, bengalas ao modo de Charles
Chaplin, valises, coleções de selos, cadeiras de diferentes tipos, máquinas de
costura, adagas e faquinhas de cozinha. Olhamo-nos de soslaio.
Adiante pulseiras e colares nos levaram ao passado vivido
com Helena. Uma batuta ao canto, falamos ao mesmo tempo:seria de Katherine
Mansfield?
Líamos os objetos no corredor.
Oh mundo enigmático!
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