Perto do cemitério de Curitiba há uma estação-tubo que dizem
ser mal-assombrada. Para quem não mora na capital do Paraná, preciso dar esta
explicação: estação-tubo é um lugar, que parece um tubo de vidro gigante, onde
as pessoas entram para esperar os ônibus.
Bem, como eu estava dizendo, a estação-tubo, que fica perto
do cemitério, tem muitas Lendas Urbanas, que leremos abaixo:
Minha amiga Railde, que é loira, foi a um velório na capela
do cemitério. Como ela estava com pressa e o frio era de rachar, a mulher
decidiu não passar maquiagem e vestir uma capa longa da cor marrom, parecida
com as vestes de monges franciscanos medievais.
O problema é que esta moça foi até o velório, mas resolveu
sair da capela mortuária bem de madrugada e pegar um táxi perto daquele
cemitério. Porém, ela dava sinal aos carros e ninguém parava para a pobre.
Então, Railde resolveu ir até a uma estação-tubo, perto do cemitério, que
funcionava de madrugada.
Quando ela resolveu passar o cartão na roleta, o cobrador,
que estava dormindo, despertou e gritou:
- Socorro!
- A Loira-Fantasma!
Então, a dama explicou:
- Agora, entendo o porquê os táxis não pararam para mim.
- Acho que os motoristas pensaram que eu era a famosa
Loira-Fantasma.
Deste jeito, o cobrador explicou:
- Mas, no caso deste tubo, ele é mal-assombrado mesmo.
- Porque uma vez no
Dia de Finados, na madrugada do dia primeiro para o dia dois de novembro,
pessoas com jeito de zumbis entraram aqui e me falaram:
- Nós queremos pegar o ônibus chamado Linha Cemitério, que
só funciona dia dois de Novembro.
- Então eu, um simples cobrador, expliquei:
- Esta linha, chamada Cemitérios, só começa a funcionar as
sete da manhã e o ponto dela não é aqui. Pois, é bem na frente do campo-santo.
- Desta maneira, um dos mortos-vivos explicou:
- Porém, nós temos pressa, pois desintegramos na luz do Sol.
Além disto, temos que ver nossos entes já falecidos porque estamos em umbrais
diferentes e só podemos nos encontrar no Dia de Finados, quando os portais se
abrem.
- Assim, eu, um mero cobrador expliquei:
- Desculpe, mas não entendo destes assuntos.
- Então, fechei os olhos e rezei. Quando abri as pálpebras,
os zumbis já haviam desaparecidos. Mas, um dos mortos-vivos deixou um broche de
ouro em cima da minha mesa, onde havia um bilhete escrito à caneta-tinteiro:
" Isto é para pagar a nossa passagem"
- Bem, peguei o objeto e vendi a um "antiguário"
Após o cobrador falar estas palavras, o ônibus da minha
amiga chegou e ela entrou no coletivo. Da janela, Railde olhou para o cobrador
e viu que este homem pegou uma cruz de madeira e mostrou para ela, pronunciando
palavras que esta minha amiga não conseguiu explicar.
Luciana do Rocio Mallon
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