segunda-feira, 22 de abril de 2013

abertas cortinas da manhã


abertas cortinas da manhã o café, 9 horas
num pulo é Floripa neste fora de temporada frutos do mar
lugares-pirilampos lugares-vagalumes Campeche amanhecer
surfistas caminham o horizonte
e então já noite de novo enorme ave azul no quarto
da pousada ecológica anjos da guarda velamos
o sono um do outro os sonhos acordados a afugentar pesadelos
filme do Kurosawa esquecemos que é já
segunda-feira que é segunda no cinema a segurar tua mão
“calma, vai ficar tudo bem” daí beijos abertos abertas
cortinas hoje manhã escrevo
uma musica ao piano vou te ouvir estudos
de Chopin vou nicotinar fumaças controlo não controlo
a alergia a rodinhas de fumantes é verão frio de abril
verão porrinhos na calçada do Torto ou deixamos
de beber por uns tempos você se identificou mais
com o próprio Tolstói do que com a Karenina uma música
eu faço e você me coloca na porta da geladeira pra não esquecer
junto postais de amigos enviados da índia receitas especiais
da vó poemas modernos ímãs da Frida com agora sorvete de passas
no Passaúna com agora feito dois bebês darmo-nos
de comer o macarrão da sogra noite de chuva com agora
você a me ensinar francês paisagismo com recusas com meiguice
com pimentas fortes do pai do sogro macaquices com os netos
a sorrir encher os olhos acetona te ajudo a tirar o esmalte dos pés
e você “imagem clichê” e ri de tudo de mim de nós
e então “tem que ler o Risíveis Amores, do Kundera” e então
gastamos 70 reais (35 cada) num tinto dez vezes a sobremesa
repetimos teu canto tímido sutilíssimo cantigas de ternura o que
a diferença entre ursinhos de pelúcia e gremlins é um exercício
vocacionar a alegria amparar teus peitos eu só quero teus olhos
queimam, luas e fazer fazemos amor loucamente sem
loucura ou psicanálise fazemos enquanto a gente
faz amor loucamente sem suicídio amor sem naufrágio umbigo
no umbigo, amor, loucamente devagarinho sem abandono como sempre
sempre eu quis dizer sempre
luiz felipe leprevost, 

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