Priscila Merizzio
Quando adolescente, contando quinze anos, a mãe namorou um
rapaz de dezessete. Eram dois pombinhos apaixonados que, infelizmente foram
separados por circunstâncias da vida. Pouco tempo passou e sua mãe casou-se com
o homem que viria a ser seu pai. Ela, a quinta filha, caçula, era recém-nascida
quando os dois se separaram. Na época, a mãe arrumou um namorado ricaço que
ofereceu o mundo a ela – caso deixasse a criação dos filhos por conta dos avôs.
Ele bancaria tudo. Ela mandou o ricaço às favas. Se desfazer dos filhos jamais.
Alguns anos depois, sua mãe reencontrou o rapaz que havia sido seu namorado,
quando jovenzinha. Ele havia acabado de ser abandonado por sua mulher, tendo
que dar conta de sete filhos. Não puderam ficar juntos. Não tinham condições de
sustentar 11 crianças e adolescentes. O tempo passou. Sua mãe nunca mais
namorou. Não teve sorte, parece. Ficou sabendo, anos depois, que o ex-namorado
de puberdade havia casado pela segunda vez e ficado viúvo não tinha muito.
Muitas folhas do calendário foram arrancadas até que se reencontrassem. Ela com
68 anos de idade e ele com 70. Os filhos de ambos já crescidos, donos de seus
narizes. Os dois nunca haviam deixado de se amar. Casaram-se há poucos meses,
em cerimônia grande. Ela, vestida de branco, linda como uma adolescente de
quinze anos. Ele, de terno, contente como o rapaz que espera a mulher de sua
vida aceitá-lo como marido.
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