Paulo Sandrini
Eu coloco a foto do caudilho na capa do meu facebook. Eu
coloco a minha alma porca nas mãos do caudilho da capa do meu facebook. Eu
coloco o ânimo da minha alma porca nas mãos sujas do caudilho da capa do meu
facebook. Eu coloco amônia no ânimo da minha alma porca nas mãos porcas e sujas
do caudilho da capa do meu facebook. Eu coloco desarmonia nas moléculas de
amônia no ânimo reacionário da minha alma enlameada nas mãos porcas e com
artrite do caudilho na capa do meu facebook. Eu me coloco a serviço. Eu me
vendo. Sou polêmico por um salário sujo. Eu sou novilho medroso que obedece e
corre sempre pras mãos sujas do caudilho na capa do meu facebook. Eu
definitivamente não tenho vergonha na cara. Não tenho. Se tivesse, seria
vermelho e não um títere nas mãos porcas e sujas e com artrite do caudilho
velho, esse, que um dia, disse ele mesmo, o caudilho, já foi vermelho. Hoje
segue as cores das notas de dinheiro. Por isso, eu coloco o meu na reta por
umas notas podres que o caudilho velho coloca na minha conta. E sigo chato com
ares de mestre. Um dia talvez chegue a doutor. Basta o caudilho me deixar sair
do curral pra pensar por conta própria.
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