sexta-feira, 26 de abril de 2013

A necessária fonte.


De Mara Paulina Arruda



De repente a cozinha ficou barulhenta demais.
Acontece que Anamaria soube que o marido não voltaria depois daquela viagem feita para a Argentina. Os boatos eram que os balseiros haviam enfrentado uma tempestade na divisa de um país e outro.
Concluiu que teria de criar cinco filhos. E enquanto batia as claras em neve para misturar na massa do bolo de chocolate, entre uma colherada e outra de farinha, o medo batia na sua porta. Eram despesas demais. Bateu mais um pouco a massa, misturou o chocolate. Eram responsabilidades demais. Untou e enfarinhou a forma.A tormenta. A inesperada notícia. Colocou o bolo para assar. E dali não parou mais de fazer docinhos de coco, ameixa, leite condensado. Preparar pães, cucas e bolos para vender na vizinhança, nos mercados.

Anamaria com essas brevidades culinárias foi criando o transcurso à sua casa perfumada. Desdobrou-se para não fazer feio na vida.

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