Em Curitiba, nos anos 70, existia um gigolô chamado Otávio.
Ele tinha um visual de metrossexual: pintava os cabelos da cor caju, vestia
terno com cravo na lapela e usava uma bicicleta modelo Ceci, aquela cor-de-rosa
com cestinha na frente que estava sempre cheia de flores.
Então, depois de fazer uma vítima no bairro Boa-Vista, este
malandro se mudou para o Jardim Centauro e comprou uma casa de esquina. Logo,
ele pensou:
- Se eu ficar parado, nesta esquina todos os dias, com
certeza, aparecerá uma mulher bem de vida para mim.
Naquele mesmo dia, o
gigolô conversou com os vizinhos para descobrir se havia uma viúva pensionista,
mas carente de afeto na região. Então, uma destas pessoas apresentou o homem
para Dona Cremilda, uma linda mulher loira e de olhos azuis, que morava na
mesma rua de Otávio. Além disto, esta senhora, também, tinha uma filha chamada
Lara, que todos diziam ser sensitiva.
O problema foi que uma semana depois, Otávio começou a
sentir que sua casa estava com uma atmosfera pesada e naquela noite, teve o
seguinte sonho:
Um homem com terno branco e chapéu apareceu para ele e
disse:
- Meu nome é Zé Pilintra e quero que você suma da minha
esquina.
O homem perguntou:
- Por que ?
A entidade respondeu:
- Porque o único gigolô desta esquina sou eu.
- Portanto, saia daqui!
- Senão você morrerá antes de conseguir aplicar o próximo
golpe.
O moço acordou cansado, mas mesmo assim nem pensou em se
mudar da sua nova casa.
O tempo passou e chegou o dia do casamento dele com
Cremilda. Então, a noiva entrou dentro na igreja e quando o padre falou:
- Otávio, aceita Cremilda como legítima esposa ?
O noivo se posicionou em frente ao microfone. Porém, quando
ia dar a palavra, desmaiou e morreu.
Uma semana depois, Lara estava no portão da sua casa e
exclamou:
- Mamãe, venha cá!
Cremilda aproximou-se da filha e perguntou:
- O que aconteceu ?
A menina explicou:
- Veja o Otávio lá na esquina.
A mulher ralhou:
- Pare de besteira, pois ele já morreu!
A garota comentou:
- Mas, o Zé Pilintra cedeu aquela esquina para o espírito
dele morar.
Reza a lenda que o fantasma deste gigolô, até hoje, habita
naquela esquina.
Luciana do Rocio Mallon
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