sábado, 19 de novembro de 2016

CANTIGA DE UM AMOR ITINERANTE


o Sol não sai
do céu
nem quando é noite. . .
meu bem não sai
de mim
nem quando vai
lá pra Dubai
Dublin
Belo Horizonte
Londrina
Tocantins
ou Paraguai. . .
amor presente
ausente
itinerante
viajante
intermitente. . .
ai, ai, ai !
ele se vai
pra outro
continente
fica distante
e mesmo assim
não sai
de mim . . . vai a Pequim
Rússia
e Nigéria
de Bali
pra Sibéria
e Bombaim
da China
pro Peru
ou pra Bruxelas
e de Cabul
pra
Quixeramobim
sai de Xangai
e vai
à Normandia
dorme em Cotia
acorda
no Uruguai
almoça
em Istambul
janta na Hungria
de Aracaju
se manda
pra La Paz
passa em Berlim
me compra
alguns postais
me liga de Cascais
diz que está
bem. . .
que tem saudade
e pensa em mim
demais. . .
mas inda vai
ao Congo
e mais além
ao Cairo, ao Equador. . .
Madri
também. . .
depois torna á Belém
e (até
que enfim)
volta pra mim
no fim do mês
que vem. . .
se não tiver
que ir
á Medellín
e eu. . .
que até aqui
sobrevivi
suspiro aliviada
e digo
amém
como se ele
estivesse
logo ali. . .
a três
ou quatro quarteirões
daqui
já prestes
a chegar.
Sonhar
faz bem. . .

PAULO MIRANDA BARRETO

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