Minha mãe tem Meningioma na cabeça, um tipo de tumor que
causa tonturas, e por isto, quando saímos juntas, ela precisa da minha ajuda
para ir ao toalete privativo. Assim, tenho a obrigação de entrar neste recinto
junto com minha mãe com o objetivo de evitar acidentes.
Estes dias fomos a um centro comercial, onde por curiosidade
um casal de homossexuais sofreu preconceito injustamente nos anos 90 na praça
de alimentação, e entrei com minha mãe
dentro do banheiro.
De repente, uma zeladora bateu na porta e exclamou:
- Tem duas pessoas trancadas aqui?!
Então, eu respondi:
- Sim!
Após isto, a zeladora ralhou:
- Não é permitido atitudes gays no toalhete!
Logo, eu expliquei:
- Calma!
- Não somos lésbicas!
- O problema é que minha mãe tem tumor na cabeça e por isto
sente muitas tonturas. Deste jeito, eu preciso acompanhá-la dentro do toalete
privativo para evitar acidentes.
Após falar estas palavras, achei a situação curiosa e dei
risadas sem querer. De repente fiquei séria e pensei em voz alta:
- Mas, proibir lésbicas de transarem no banheiro, não seria
homofobia?!
- Bem, eu acho que não...
- Pois, há lugares próprios para relações sexuais.
- Afinal já flagrei um casal de heterossexuais transando no
banheiro da faculdade onde estudei e me senti constrangida.
- Por isto, acredito que a atitude de duas mulheres se
beijarem no culto do Pastor Feliciano não foi elegante. Pois, pareceu mais uma
atitude provocativa do que uma expressão de liberdade. Apesar de não aprovar as atitudes que este religioso
tem contra os homossexuais. Eu aprovo beijo gays em lugares como: baladas,
shoppings, parques e seitas liberais. Porém, em igrejas evangélicas radicais,
esta demonstração de carinho parece um tanto fora de contexto, pois pode causar
conflitos desnecessários.
- Eu também sou diferenciada sexualmente, pois sou virgem e
assexual, que é a orientação sexual de quem não gosta de sexo e já sofri muita
discriminação por isto. Porém, eu nunca iria a uma casa de "swingui"
pregar a virgindade e a assexualidade. Afinal, acredito que cada um tem direito
a ter o seu espaço e o dever de conviver com as diferenças.
- Pois, é: eu aprovo o beijo gay em lugares apropriados, mas
tenho medo de que as pessoas, de qualquer orientação sexual, comecem a transar
em lugares públicos porque isto já é crime de atentado ao pudor.
Após estas palavras, abri a porta do banheiro e notei que a
zeladora estava às gargalhadas. Para completar ela exclamou:
- Falou engraçado, mas disse tudo!
Luciana do Rocio Mallon
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