segunda-feira, 21 de novembro de 2016

XII


Estou chamando os nomes
que já foram meus (os amores
grifados no esquecimento).
Carrego esses talismãs
em meu sertão secreto,
e ouço as sirenes da rua escura
que me açoitam a madrugada
e os seus abismos.
Bato na porta dos surdos
com uma cuia de espanto;
canto na porta dos cegos
para acordar a claridade.
O dia me quer de lavanda;
mas a noite me faz uivar
com os cães, para esconder
minhas certidões.
Do barro escrito em meus pés,
são as digitais de sal e sangue.
Canta,
bicho enfermo de estrelas!
Para além da ferrugem
e sua liturgia,
a paixão está viva --
e procria.

SALGADO MARANHÃO

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