Na Idade Média, uma nobre portuguesa chamada Manuela e sua
mãe dona Ana, que tinha fama de bruxa, viajaram para a Índia. Lá elas
conheceram um marajá chamado Shankar que se apaixonou por Manuela. Logo, ele
descobriu que a portuguesa gostava de jóias e de caminhar em chãos diferentes e
exóticos. Então Shankar consultou seu mestre espiritual que o aconselhou a
fazer uma calçada com pedras preciosas, formando um mosaico com os símbolos do
amor, para oferecer a sua pretendente.
Mas quando a donzela chegou ao local, sua mãe tinha feito
uma magia para que as pedras preciosas virassem quadradinhos de mármore.
Naquele mesmo instante, o indiano começou a cantar uma música jamais escutada:
“ – Se esta rua, se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Só de pedras preciosas coloridas
Só para meu amor passar.”
A jovem exclamou:
- Adorei a calçada e amei a música!
Deste jeito, sua mãe pensou:
- Jogarei uma praga nesta calçada: toda a mulher que um dia
pisar nela, cairá ou arrebentará os sapatos, começando por minha filha.
Quando a moça pisou na nova calçada, escorregou e quebrou o
salto. Mesmo assim falou:
- Acidentes acontecem.
Desta maneira, Manuela ficou encantada tanto com o estilo da
calçada quanto com a música. Por isto, confirmou:
- Levarei esta técnica de calçadas de mármore e esta música
para Portugal. Porém, darei o nome da calçada de petit-pavé porque a Língua
Francesa é muito chique.
Ao chegar em Portugal, esta nobre mandou colocar mosaicos de
petit-pavé em toda a aldeia onde morava e não parava de cantar a música
chamada: Nesta Rua, de composição do indiano.
Manuela não se casou com o marajá, mas afanou suas idéias.
Reza a lenda que esta calçada recebeu o apelido de Calçada
Portuguesa e a canção chamada Nesta Rua tornou-se uma música tradicional de
ninar. O interessante é que todas as mulheres que conheço já escorregaram ou
quebraram o sapato numa calçada petit-pavé, já que moro em Curitiba e a maioria
das ruas do Centro tem este tipo de calçamento.
Com relação à música chamada Nesta Rua, ela teve a letra e o
ritmo modificados com o tempo, tendo versões diferentes regravadas por Sandy e
até por Vila Lobos.
Luciana do Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário