O grão nos meus olhos foi sonho
de vômitos pela noite me fiz de santo
com a prece de dois dedos
empurrados pela garganta
fui moça para chorar meus abortos
fui dos bancos
o rei sem coroa
fui das calçadas
o amor dos outros
antes do sol devorar a névoa
comi um ego
após as pernas dobrarem tempestades
fui o fruto que se manteve verde
quando havia sorrisos
eu fui vidro vertido em lágrimas
quando a chama não era minha
eu fui fuligem cobrindo lençóis brancos
Redson Vitorino para Tomate Seco
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